Tua suposta fleuma
Me lança há tantas milhas
Quanto as que em prática nos distanciam.
Teu olhar,
Quando adjacente ao meu,
Faz questão de dar as costas à qualquer rastro de relance que me alcance.
Quaisquer palavras que entôo
e te direciono
soam como música de elevador à tua audição
Você as lê, como se desprovidas de sanidade,
ou sequer lhes dá a chance de serem contempladas pelos teus olhos.
Me curvo perante você [e contra minha dignidade restante
vasculho em teu rosto, em busca esperançosa por alguma réstia de misericórdia.
Mas as minha intenções
eram encontrar em ti alguma saudade do que fomos.
Algum toque embaraçoso que entregasse o que ainda sente.
Alguma troca de olhar que, com um tanto de pretensão, reacendesse que ainda haveria algo que nos atrai e envolve.
E que, de alguma forma não precisássemos nos desculpar no final,
somente nos aprisionássemos mutuamente, de onde nunca deveríamos ter fugido.
Do abraço imaginário
que nunca me envolveu,
mas que foi aconchego e porto seguro.
Da boca intocada
que nunca se confundiu à tua,
mas que eu sentia como se conhecesse o caminho.
Da ponte edificada,
que conectou nossas entrelinhas,
mas que mesmo antes tão concreta, se desfez.
E essa frustração que transpareço
na verdade é melancolia e saudade
de um tempo (e um espaço distorcido) que um dia foi nosso.
E assim, dissimulo o desdém (que de ti recebo)
do que já foi (e ainda me é) nosso maktub.
Dedicado à um grande alguém, G.
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